quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

5º DOMINGO COMUM - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C
Lc 5,1-11
"Senhor, afaste-te de mim, porque sou um pecador"
Oração do dia

Velai, ó Deus, sobre a vossa família com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Lucas 5,1-11) 

PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
          — Glória a vós, Senhor

Naquele tempo, 1Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.
2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.
5Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”.
6Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam.7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.
8Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”
9É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer.
10Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”.
11Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.



Comentário ao Evangelho

A porta de entrada desse texto, que nos traz a versão Lucana da “pesca milagrosa” (Jo 21, 1-14) é o primeiro versículo: “Certo dia, Jesus estava na margem do Lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.” Lucas deixa bem claro que o motivo de tanta gente buscar Jesus foi para “ouvir a Palavra de Deus”. Não para ver milagre, não para receber esmola, nem cura, mas simplesmente para “ouvir a Palavra de Deus”. E só se busca o que é agradável, o que faz bem!

A Palavra de Deus encorajava a multidão, fazia com que as pessoas se sentissem amadas, aceitas, valorizadas. A Palavra de Deus era realmente “Boa Notícia” para os humildes e sofridos. Nada deve - ou pode - substituir esta Palavra. Em 2008 o Sínodo dos Bispos tratou do tema “O Lugar da Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja”, e temos em mãos a Exortação Pós-Sinodal “Verbum Domini” do Papa Bento XVI. Muitas dioceses colocaram com destaque em seus Planos de Evangelização a formação bíblica do povo. Cumpre fortalecer cada vez mais a animação bíblica de toda a Pastoral. Resta o desafio de criarmos ferramentas para que isso realmente aconteça. Nenhuma palavra humana, por mais eloquente ou edificante que seja, pode igualar-se à Palavra de Deus. Oxalá não repitamos os erros do passado! Que saibamos ver a ação do Espírito Santo na grande procura da Bíblia entre as comunidades, especialmente entre os mais pobres. Devemos levar a sério o que proclamou o Concílio Vaticano II no seu documento dogmático Dei Verbum: “A Igreja sempre venerou as Sagradas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor” (DV 21). Infelizmente, nem sempre se verifica a prática dessa declaração!
Terminada a pregação, Jesus pede que Simão “avance para águas mais profundas” (v. 4), para lançar as redes. Pois, barca à beira-praia pesca nada! Como é tentador para nós - a Igreja, as comunidades, os indivíduos - ficarmos seguros nas águas rasas que não apresentam perigo, e tampouco frutos! Se quisermos ser realmente “pescadores de homens” (v. 10) teremos que enfrentar as águas profundas da vida, com todas as incertezas e inseguranças que isso acarreta. O mundo globalizado pós-moderno urbanizado exige novas respostas pastorais, como tão bem reconheceu o Documento de Aparecida. Não é mais possível continuarmos nas nossas comunidades somente com uma “pastoral de manutenção”, mas precisamos ousar dialogar com novas situações e com o pluralismo do nosso mundo. Muito mais cômodo é ficar nas águas calmas e tranquilas, sem risco – mas, fazer assim seria trair a nossa vocação batismal. Poderemos nos perguntar - o que quer dizer para mim, para a minha comunidade, movimento ou pastoral, “avançar para as águas mais profundas”?
Simão não se mostra muito entusiasmado diante do convite do Senhor, pois ele, pescador profissional – sabia muito bem que não se lançavam as redes naquela hora do dia. Parece loucura. Assim, muitas vezes é hoje – o que Jesus nos pede parece loucura aos olhos da sociedade consumista e excludente. Pois, como diz Paulo “a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Cor 1, 25). Mesmo assim, Simão lança a barca “em atenção à Sua palavra” (v. 5). Aqui está o nó da questão - a atenção à Palavra de Deus. O Salmo 95 (94), 7 reza: “Oxalá vocês escutem hoje o que Ele diz” - pois Deus nos fala todos os dias. Uma fala exige atenção para que seja captada. Deus nos fala sempre - mas, se não tivermos as antenas ligadas, não ouviremos. E continuaremos acomodados nas águas rasas e tranquilas, enquanto a missão exige que nos lancemos para águas profundas.
Pedro reage já: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (v. 8). Como a luz cria a sombra, a proximidade da santidade põe em relevo o pecado humano. O que parece normal, segundo critérios humanos, fica claramente negativo diante dos critérios do amor divino! Mas, Jesus não atende o pedido de Pedro - foi porque somos pecadores que Ele veio! Pelo contrário, fala para Pedro não ter medo - nem da sua fraqueza, nem da sua natureza pecaminosa, nem das suas falhas. Jesus o chama tal como ele é. Ele nos ama, não como gostaríamos de ser, mas como somos de fato. Não devemos ter medo da nossa realidade humana e pecadora, pois todos nós carregamos “um tesouro em vaso de barro” (2Cor 4, 7), mas podemos caminhar com confiança porque “se Deus está a nosso favor, quem estará contra nós?” (Rm 8, 1). Somos chamados a segui-Lo como somos. Porém, isso não pode nos acomodar, pois o Evangelho deixa claro que quando os apóstolos foram chamados, deixaram tudo para segui-Lo. O seguimento de Jesus sempre exige que deixemos algo. Resta perguntar a nós mesmos: “O que é que o seguimento de Jesus exige que eu deixe, neste momento na minha caminhada de discípulo/a”?


Salmo 137/138

Vou cantar-vos ante os anjos, ó Senhor,
e ante o vosso templo vou prostrar-me.

Ó Senhor, de coração eu vos dou graças,
porque ouvistes as palavras dos meus lábios!
Perante os vossos anjos vou cantar-vos
e ante o vosso templo vou prostrar-me.

Vou cantar-vos ante os anjos, ó Senhor,
e ante o vosso templo vou prostrar-me.

Os reis de toda a terra hão de louvar-vos
quando ouvirem, ó Senhor, vossa promessa.
Hão de cantar vossos caminhos e dirão:
“Como a glória do Senhor é grandiosa!”

Vou cantar-vos ante os anjos, ó Senhor,
e ante o vosso templo vou prostrar-me.

Estendereis o vosso braço em meu auxílio
e havereis de me salvar com vossa desta.
Completai em mim a obra começada;
ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
Eu vos peço: não deixeis inacabada
esta obra que fizeram vossas mãos!

Vou cantar-vos ante os anjos, ó Senhor,
e ante o vosso templo vou prostrar-me.



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