domingo, 31 de março de 2013

4º DOMINGO DA PÁSCOA - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA - Ano C
Jo 10, 27-30
 “O Pai e eu somos um”


Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (João 10,27-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João - 10,27 Disse Jesus: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão. 
29 Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai. 
30 Eu e o Pai somos um”. 
– Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO

O texto de hoje situa-se no contexto de uma polêmica nos arredores do Templo entre Jesus a as autoridades judaicas, na ocasião da Festa da Dedicação do Templo. Nos versículos anteriores, as autoridades desafiaram Jesus para que se declarasse abertamente o Messias. Ele respondeu que já tinha mostrado isso muitas vezes, através das suas obras, mas, que eles não queriam acreditar, pois não eram as suas ovelhas.
Assim, fica claro que as ovelhas são os discípulos, pois o verdadeiro discípulo ouve a palavra do Senhor e o segue. São conhecidos por Ele - e aqui cumpre lembrar que na linguagem bíblica, a palavra “conhecer” tem conotações mais profundas do que no nosso uso comum. Significa não tanto um saber intelectual, mas uma intimidade profunda do amor. Assim, a bíblia muitas vezes até usa o verbo “conhecer” para significar relação sexual. Assim, Maria questiona o anjo, pois Ela “não conhece” homem (Lc 1, 34). O verdadeiro discípulo é aquele ou aquela que realmente tem um relacionamento de intimidade com Deus e que põe em prática a sua palavra. E quem conhece Jesus, conhece o Pai, pois “o Pai e eu somos um”, como diz Jesus no nosso texto.
O versículo 28 afirma que Jesus dá a vida eterna aos seus seguidores. Esse é um tema típico de João; e, outros textos do Evangelho podem nos ajudar a aprofundá-lo. No Último Discurso, Jesus explica em que consiste a vida eterna: “A vida eterna é esta: que eles conhecem a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo” (Jo 17, 3). Mais uma vez, liga o conceito da vida eterna com o de “conhecer”. Mas, em que consiste “conhecer” a Deus?
O profeta Jeremias pode nos esclarecer. Em um trecho contundente, onde ele enfrenta o Rei Joaquim e o condena por não pagar os salários dos seus operários na construção do seu palácio, Jeremias diz o seguinte, referindo-se ao falecido rei justo Josias: “Ele julgava com justiça a causa do pobre e do indigente; e tudo corria bem para ele! Isso não é conhecer-me? - oráculo de Javé” (Jr 22, 16). Conhecer Deus não é em primeiro lugar um exercício intelectual; mas, uma atitude de vida - a prática da justiça, especialmente em favor do oprimido e fraco. Segundo João, então, a vida eterna é o prêmio de quem pratica a justiça de Deus - proposta dos discípulos de Jesus - e não dos que “sabem” muita coisa sobre Deus, mas que não praticam a justiça - representados no texto de hoje pelas autoridades do Templo.
O nosso texto nos traz motivo de muita coragem, pois, afirma que ninguém vai arrancar o verdadeiro discípulo da mão de Jesus (v. 28). Mas, também nos desafia para que verifiquemos se somos realmente discípulos verdadeiros, se conhecemos Jesus e o Pai, isto é, se praticamos a justiça do seu projeto. Pois, a prova de ser verdadeiro discípulo está na prática das obras do Pai, e não no conhecimento teórico de religião.


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