domingo, 31 de março de 2013

5º DOMINGO DA PÁSCOA - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA - Ano C

Jo 13, 31-35

“Amem-se uns aos outros”


Oração do dia
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que crêem em Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (João 13,31-35)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João. 13,31 Logo que Judas saiu, Jesus disse: “Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele. 
32 Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará em breve. 
33 Filhinhos meus, por um pouco apenas ainda estou convosco. Vós me haveis de procurar, mas como disse aos judeus, também vos digo agora a vós: para onde eu vou, vós não podeis ir. 
34 Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. 
35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!


COMENTÁRIO
 
Este texto situa-se no contexto do Último Discurso de Jesus, na Ceia Pascal.  Começa logo após a saída de Judas para trair Jesus, depois que Jesus lhe disse “o que você pretende fazer, faça-o logo” (Jo 13, 27).  Com a licença oficial dada ao agente de Satanás para iniciar o processo que iria matá-lo, Jesus começa o processo da sua glorificação. A sua fidelidade ao projeto do Pai vai levá-lo à Cruz, que, no Quarto Evangelho, não é um sinal de derrota, mas da vitória última e permanente de Deus. Por isso, a morte de Jesus, aparente vitória do mal, será a glorificação de Jesus, e n’Ele, do Pai.
O anúncio da sua partida, para os judeus uma ameaça (v. 33), é para a comunidade dos seus discípulos um momento de emoção e carinho. A sua última dádiva a eles é um novo mandamento: “eu dou a vocês um novo mandamento: amem-se uns aos outros.  Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros.” (v. 34).
O que há de novo neste mandamento?  O que diferencia a proposta de amor de Jesus e dos seus seguidores de outras propostas já conhecidas? O mundo do tempo de Jesus, tanto na sociedade pagã como judaica, conhecia propostas de amor mútuo. O mandamento de Jesus é novo em primeiro lugar porque ele se impõe como exigência essencial para entrar na comunidade “escatalógica”. Essa é a comunidade que já experimenta a presença do Reino de Deus, mesmo que ainda espere a sua plena realização, ou seja, uma comunidade que experimenta a salvação já realizada em Jesus, enquanto ainda experimenta a sua situação permanente de fraqueza. Também é novo, porque não se fundamenta nas leis sobre o amor, da tradição judaica (p. ex. Lv 19, 18, ou os documentos do Qumrã), mas na entrega de si, de Jesus. O modelo deste amor é o exemplo do próprio Jesus “assim como eu vos amei!” E como Ele nos amou?  Entregando-se até a morte, para que todos pudessem “ter a vida e a vida plenamente” (Jo 10, 10).  Este amor não é sinônimo de simpatia ou sentimento de atração.  Exige humildade e a disposição para o serviço que leva a morrer pelos outros.  Este “morrer” normalmente não se expressa através de uma morte literal, mas morrendo diariamente ao egoísmo e à busca do poder dominador, para que sejamos servidores, especialmente dos mais humildes, ao exemplo do Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45).
Este amor e tão fundamental para a comunidade dos discípulos de Jesus que deve se tornar o seu sinal característico: “assim todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (v. 35).  Mais do que uma lista de doutrinas, mais do que práticas litúrgicas ou rituais, embora essas tenham o seu lugar e a sua importância, é o amor mútuo e concreto que deve distinguir os discípulos de Jesus.  Atos dos Apóstolos nos lembra que “foi em Antioquia que os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de “cristãos” (At 11, 26).  Receberam uma nova designação, da parte dos outros, porque a sua maneira de viver era marcadamente diferente das outras comunidades religiosas da cidade – era marcada pelo amor mútuo. O Evangelho de hoje nos convida para que honestamente nos examinemos a nós mesmos, para verificar se este amor-serviço ainda é a marca característica de nós, discípulos/as de Jesus, na nossa vida individual e comunitária!



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