quarta-feira, 29 de maio de 2013

9º DOMINGO COMUM - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C
Lucas 7, 1-10
“Senhor, eu não sou digno...”

Oração do dia

Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo e concedei-nos tudo o que for útil. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (Lucas 7,1-10)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. 7,1 Tendo Jesus concluído todos os seus discursos ao povo que o escutava, entrou em Cafarnaum.
2 Havia lá um centurião que tinha um servo a quem muito estimava e que estava à morte.
3 Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, rogando-lhe que o viesse curar.
4 Aproximando-se eles de Jesus, rogavam-lhe encarecidamente: “Ele bem merece que lhe faças este favor,
5 pois é amigo da nossa nação e foi ele mesmo quem nos edificou uma sinagoga”.
6 Jesus então foi com eles. E já não estava longe da casa, quando o centurião lhe mandou dizer por amigos seus: “Senhor, não te incomodes tanto assim, porque não sou digno de que entres em minha casa;
7 por isso nem me achei digno de chegar-me a ti, mas dize somente uma palavra e o meu servo será curado.
8 Pois também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens; e digo a um: ‘Vai ali!’ E ele vai; e a outro: ‘Vem cá!’ E ele vem; e ao meu servo: ‘Faze isto!’ E ele o faz.
9 Ouvindo estas palavras, Jesus ficou admirado. E, voltando-se para o povo que o ia seguindo, disse: “Em verdade vos digo: nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”.
10 Voltando para a casa do centurião os que haviam sido enviados, encontraram o servo curado.
– Palavra da Salvação!


COMENTÁRIO
nossa leitura de hoje inspirou a frase tão conhecida que usamos na Missa antes da Comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa, mas diga uma só palavra e serei salvo” (v. 6). A profissão de fé em Jesus, feita por um desconhecido oficial romano, à beira do Mar da Galiléia, tornou-se a expressão da realidade de quem ousa aproximar-se da mesa eucarística. É na mesma hora um reconhecimento da nossa fraqueza e também da grandeza e gratuidade de Deus, que supera qualquer falha nossa.

A história situa-se bem dentro da política lucana (Lucas) de nunca falar mal dos romanos (uma visão bem diferente da política de João no Apocalipse). Lucas é um grego, e tem outra experiência do Império Romano do que os oprimidos judeus da Palestina - uma experiência de opressão e exploração que os levaria a duas guerras sangrentas e desastrosas, de 66/72 d.C e de 132/135 d.C. Também, o autor quer respeitar os seus destinatários - nas comunidades das cidades gregas do Império - muitos dos quais ligados às instituições romanas e imperiais.
O oficial na história era pagão, não judeu, mas pertencia ao grupo conhecido como “tementes a Deus”. Isso é, simpatizantes do judaísmo, crentes no Deus único, mas não pertencentes oficialmente à religião judaica. No Império Romano muitos pagãos estavam cansados da idolatria e da imoralidade que marcavam a sociedade, e admiravam o monoteísmo e a seriedade ética do judaísmo. Mas, se recusavam a assumir a prática da circuncisão e outros ritos. O oficial em questão deve ser visto nesse contexto.
Mas, ele, embora sendo pagão, manifesta mais fé do que os próprios judeus - a ponto de causar a exclamação de Jesus:
 “Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia, e disse: “Eu declaro a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé!” (v. 9).
Com profundo respeito, ele nem pede que Jesus entre na sua casa - pois tal ação deixaria Jesus ritualmente impuro! Tem confiança absoluta em Jesus - basta a palavra d’Ele para que a cura se concretize! Aqui temos mais um exemplo do interesse de Lucas em enfatizar o poder da Palavra de Jesus (por exemplo, na versão lucana da cura da sogra do Pedro, Jesus não toca nela, como em Marcos, mas só ameaça a febre, e com a sua palavra, essa deixa a mulher - Lc 4, 39).
Um pagão serve de exemplo para a multidão! Na boca de alguém considerado “impuro” se expressa a mais profunda fé! Quantas vezes a mesma coisa acontece hoje - pessoas consideradas impuras, ou tolas, ou ignorantes, dão lição de fé a nós, às vezes formados na teologia, praticantes dos sacramentos, estudiosos da religião? A fé não depende do grau do estudo - é uma atitude profunda que brota da intimidade com Deus.
É de notar também a prontidão com que Jesus atende o pedido para ajudar o oficial. Embora esteja consciente que o homem é estrangeiro e pagão, a compaixão faz com que Jesus não se amarra aos limites costumeiros da prática religiosa do seu tempo, mas se prontifica até a entrar na casa de um “impuro”, pois para Jesus, ninguém pode ser taxado de impuro.
 “Senhor, dê-nos a fé do oficial romano, e de muita gente simples e humilde. Diga uma só palavra e a nossa falta de fé será curada! Ajude-nos também a cultivar a compaixão que derruba as barreiras artificialmente criadas por causa da etnia, cultura, religião ou condição de vida.”



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