domingo, 7 de julho de 2013

DÉCIMO QUARTO DOMINGO COMUM - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


DÉCIMO QUARTO DOMINGO COMUM - Ano C
Lucas 10, 1-12.17-20
O Senhor os enviou dois a dois

Oração do dia
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas.

EVANGELHO (Lucas 10,1-12.17-20)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
 Naquele tempo, 10,1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir.
 2 E dizia-lhes: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.
 3 Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 
4 Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho!
 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!'
 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós.
 7 Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa.
 8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 
9 curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: 'O reino de Deus está próximo de vós'.
 10 Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei:
 11 Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!'
 12 Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade".
 17 Os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: "Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome".
 18 Jesus respondeu: "Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago.
 19 Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal.
 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu".
- Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO
O discípulo existe para a missão, e não se entende fora dela. Jesus não cogitava levar adiante a sua missão sem a colaboração, não só dos Apóstolos, mas de muitos discípulos e discípulas. É assim ainda hoje - a missão de evangelização não compete somente aos que são constituídos oficialmente como pastores da Igreja, mas a todos, em virtude do nosso batismo. É uma tarefa comunitária - simbolizada pelo fato que Jesus não mandou os setenta e dois discípulos individualmente, mas de dois a dois.

Se naquela época a colheita já era grande, o que dizer de hoje? O que diria Jesus das massas enormes dos conglomerados urbanos, as selvas de pedra que são as nossas grandes áreas metropolitanas, com os seus bolsões de miséria, as suas massas sobrantes, a seu anonimato? Mais do que nunca, torna-se urgente o pedido do Senhor: “Peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita” (v. 2).
Não devemos reduzir este pedido à oração pelas vocações sacerdotais e religiosas, por tão necessárias que sejam; mas, peçamos que todos os cristãos assumam a sua missão de ser continuadores da missão de Jesus, no mundo de hoje. Pois, é possível que o “dono da colheita” mande operários, e que eles se recusem de ir!
Jesus disse que estava mandando-os como “cordeiros entre lobos”- uma missão aparentemente impossível! Continua a fazê-lo - pois quem vive a mensagem evangélica humanamente falando é cordeiro diante dos lobos vorazes do “evangelho” de competitividade e lucro, os violentos partidários da concentração das terras e da renda! Mas, esta fraqueza é a fraqueza de Deus que, mais tarde, Paulo descreveria como “mais forte do que os homens”(1Cor 1, 26)!
Os discípulos evangelizadores não iam como conquistadores ou dominadores, não iam com a força das armas, como infelizmente aconteceu tanto na história do Brasil e da América Latina. Trouxeram a mensagem da “paz” - não a paz como “o mundo a dá”, mas o “Shalom”, a paz que só pode vir da presença de Deus, a paz que pode existir no meio de sofrimento, a paz que ninguém pode tirar. Eles deviam assumir a condição dos seus ouvintes, não ir de casa em casa em busca de “coisa melhor”. Pois, a missão e o discipulado exigem desprendimento e encarnação.
A proclamação deles, onde eram bem recebidos, era “O Reino de Deus está próximo”! Pois, onde existe qualquer gesto de amor, de fraternidade, de solidariedade, existe já o Reinado de Deus. Só o fato de alguém abrir-se para o Evangelho traz a presença do Reino; só o fato de alguém se dispor a levar o Evangelho, faz presente o Reino! Pois, o Reino não se constrói de coisas extraordinárias, mas de pequenos gestos. As armas do evangelizador não são “qualidade total”, eficiência, eficácia humana, razão instrumental, - mas amor, solidariedade, acolhida. Evangelizar não é em primeiro lugar propagar uma doutrina, mas tornar presente a pessoa e o projeto de Jesus de Nazaré.
Mesmo rejeitados, os discípulos deviam proclamar: “Apesar disso, saibam que o Reino de Deus está próximo”. Pois, nada pode impedir o crescimento do Reino, que é como “a semente que o agricultor semeia. Ele dorme e ela cresce sem que ele saiba como”. Isso nos deve animar muito como evangelizadores. É preciso que nós semeemos, sem nos preocuparmos com os resultados, pois “Paulo é quem planta, Apolo rega, mas é Deus que faz crescer” (1Cor 3, 6).
Quem se esforça na evangelização pode cansar, pode sofrer, mas terá uma alegria profunda: “E os setenta e dois voltaram muito alegres, dizendo: “Senhor, até os demônios obedeçam a nós por causa do teu nome” (v. 17). Porém, o motivo da alegria não deve ser por causa dos prodígios feitos, mesmo quando podemos “pisar em cima de cobras e escorpiões” (v. 19), mas porque, pela força do Evangelho, conseguimos expulsar os demônios do mal, da opressão, da divisão, do ciúme, que destroem o relacionamento humano. Devemos sentir alegria porque o Reino está crescendo inexoravelmente, - e somos instrumentos deste Reino. Sejamos, seja qual for a nossa vocação, situação ou profissão, “trabalhadores da colheita”! Pois não há cristão que seja dispensado deste desafio, nem lugar ou situação que não possam ser evangelizados!


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